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“As vítimas deveriam ser parte central da agenda pública na Colômbia”

Bogotá, 1 de março de 2018 - Os desafios de implementar o acordo entre o governo colombiano e as Farc-EP, a incerteza ante as negociações com o ELN, a insegurança em algumas das zonas mais afastadas do país e a grave crise carcerária são de especial preocupação para a organização...

Bogotá, 1º de março de 2018 - Os desafios de implementar o acordo entre o governo colombiano e as Farc-EP, a incerteza ante as negociações com o ELN, a insegurança em algumas das zonas mais afastadas do país e a grave crise carcerária são de especial preocupação para a organização humanitária.

"A implementação efetiva das dimensões humanitárias do Acordo de Paz não pode demorar mais. Apesar dos recentes avanços com relação à Unidade de Busca de Pessoas Dadas como Desaparecidas (UBPD), continua sendo preocupante o atraso no seu funcionamento operativo", afirmou o chefe da Delegação do CICV na Colômbia, Christoph Harnisch, durante a apresentação para a imprensa do Relatório Anual "Desafios Humanitários 2018". "Já é hora de que as vítimas de tantos anos de conflito recebam a atenção que merecem. Se a Colômbia realmente quiser superar tantos anos de dor, deve se assegurar que as vítimas sejam parte central da agenda pública do país", indicou.

Para a instituição, a busca dos desaparecidos é o principal desafio humanitário que enfrenta o país. Em 2017, o CICV contribuiu para que 271 pessoas recebessem notícias sobre a sorte do seu familiar desaparecido. Destas, 133 restabeleceram o contato perdido e as 138 restantes foram notificadas do falecimento do seu ente querido. Além disso, 9 corpos de pessoas falecidas em zonas de conflito foram recuperados e entregues às autoridades para identificação.

Para o CICV, é preocupante que as normas humanitárias continuem sendo transgredidas pelas partes em conflito. Durante 2017, o CICV fez o seguimento de mais de 550 casos de violações recentes do Direito Internacional Humanitário (DIH) e do Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH) nas áreas onde a instituição está presente.

"A diminuição das ações armadas em várias das regiões do país contrasta com a continuação dos graves fenômenos de violência e com a falta de melhorias concretas nas vidas das comunidades que mais sofreram com as consequências do conflito armado", assinalou Harnisch. "Ademais, os conflitos armados remanescentes com o ELN, o EPL, as AGC e as estruturas das Farc-EP pertencentes ao antigo Bloco Oriental, que não acataram o processo de paz, seguem afetando gravemente a população civil mais vulnerável."

Em 2017, o trabalho do CICV beneficiou 65,7 mil pessoas. "Trabalhamos em ações que vão desde o acompanhamento da busca de pessoas desaparecidas, ajuda emergencial a deslocados e apoio às vítimas de violência sexual à educação para a redução do risco de acidentes causados por artefatos explosivos, além de outras atividades que buscam responder às necessidades das pessoas afetadas pelo conflito e pela violência armada", explicou o coordenador das operações no terreno do CICV na Colômbia, Christoph Vogt. Somente em 2017, o CICV realizou 14 operações humanitárias de emergência no país.

Depois de quase 50 anos de trabalho na Colômbia, o CICV é testemunha da capacidade de superação de centenas de milhares de colombianos que, mesmo perante as circunstâncias mais dolorosas, encontraram o lado positivo das adversidades. "Em um ano decisivo para os colombianos, a organização renova, uma vez mais, o seu compromisso com as vítimas do conflito e da violência armada. Como organização humanitária e neutra, continuamos à disposição dos colombianos para contribuir com o nosso trabalho e aliviar o sofrimento causado pela violência, concluiu Harnisch.

Mais informações ou agendar entrevistas:

Isabel Ortigosa, CICV, Bogotá, tel.: +57 311 491 07 89
iortigosabarbero@icrc.org

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