Moçambique, Cabo Delgado: aumento da violência e dos ataques expulsa um terço da população de suas casas
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) está cada vez mais preocupado com a rápida deterioração da situação humanitária na província de Cabo Delgado, em Moçambique. Mais de 800 mil pessoas foram deslocadas desde o ano passado, depois de um drástico recrudescimento do conflito armado. Isto representa mais de um terço da população da província, que já sofria com a pobreza e os choques climáticos antes do aumento da violência armada. “Fugimos com nossos filhos pequenos e viemos para cá, onde levamos uma vida difícil”, disse Ana Ayuba, que se deslocou de Quissanga.
Só o ataque à cidade de Palma, em março deste ano, causou o deslocamento de mais de 60 mil pessoas, e milhares de outras ainda estão desaparecidas. As pessoas deslocadas e as comunidades que as acolheram enfrentam duras condições de vida. “Meu maior problema é que o negócio da pesca que meu filho tem feito está fraco… Se você tem uma família, apenas um emprego não é suficiente, um emprego só não ajuda”, disse Fátima Suleman, que se deslocou para a ilha de Matemo.
Depois dos ataques recentes, muitas pessoas fugiram para Nangade, Mueda e para a cidade de Montepuez, o que aumentou a pressão sobre os serviços de saúde e de abastecimento de água nestas cidades. O município de Montepuez, por exemplo, recebeu dezenas de milhares de pessoas desde o começo do ano, e a rede urbana de abastecimento de água não consegue dar conta das crescentes necessidades.
Também aumenta a dificuldade para que os centros de assistência médica forneçam serviços adequados à crescente população. "Precisamos de mais profissionais capacitados, de mais enfermeiros, e a estrutura atual não é grande o suficiente para todos. Muitos outros pacientes estão vindo da zona de conflito”, disse o diretor do Hospital Namweto, em Montepuez, José António Albino.
A situação é ainda mais dramática nos arquipélagos de Matemo e Quirambo, e nas ilhas Ibo, onde as pessoas deslocadas desembarcam só com a roupa do corpo depois de uma perigosa viagem marítima. O hospital nas ilhas Ibo foi destruído pelo ciclone Kenneth, por isso agora um único centro de saúde, com apenas um médico, atende todo o arquipélago. O acesso aos serviços de saúde é ainda mais difícil para as pessoas que vivem nas ilhas próximas, que muitas vezes não conseguem pagar por um barco para chegar ao centro de saúde em Ibo.
A fim de responder às crescentes necessidades humanitárias em Cabo Delgado, o CICV está ampliando suas atividades no país e abriu uma nova delegação em Moçambique no dia 1º de julho deste ano. A principal prioridade é melhorar o acesso aos serviços essenciais, construindo e reabilitando a infraestrutura existente de água e de saúde no continente e nas ilhas.
Em parceria com a cidade de Montepuez, o CICV ajudará a construir um novo sistema de distribuição de água para responder ao aumento das necessidades de água da cidade. O CICV também estuda ampliar sua resposta de saúde a fim de oferecer serviços de saúde mental às pessoas deslocadas, que enfrentaram situações extremamente traumáticas durante o conflito.
Lugar: Arquipélagos de Matemo e Quirambo e continente, Cabo Delgado, Moçambique
Duração: 9.24
Formato: mp4
Câmera: Mark Ng’ang’a
Data: 01/07/2020
Direitos autorais: CICV acesso aberto
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Tomadas variadas, Noor preparando e lançando a linha de pesca.
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Entrevista: Fátima Suleman: Tive oito filhos. O oitavo morreu com o pai dele, e eu continuo com sete. Meu marido, meu filho e o filho de minha cunhada morreram, eu já perdi três pessoas.
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Plano aberto, Noor entra no quadro, caminhando na água.
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Minha preocupação é que o negócio que montei é fraco. Bem, eu trabalho e compro, mas meu maior problema é que o negócio da pesca que meu filho tem feito está fraco, e ainda não temos planos de abrir outro negócio para conseguir sobreviver.
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Diversas tomadas da praia da ilha de Matemo.
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Plano aberto, ilha de Matemo. Cortejo fúnebre entra no quadro, pessoas caminham em direção ao segundo plano.
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Entrevista com Melanie Isabelle Brouillette, vice-diretora da subdelegação do CICV em Pemba.
A maioria das pessoas que se deslocaram para estes lugares veio da região litorânea do continente.
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De distritos entre Macomia, Palma e Mocímboa da Praia.
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Diversas tomadas, mulheres retirando água de um poço raso.
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Plano médio de utensílios de cozinha com uma bacia de água.
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Plano aberto de crianças sentadas em tijolos em frente de uma cabana de refúgio.
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Diversas tomadas de pessoas que se deslocaram internamente, recém-chegadas à ilha de Matemo.
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Diversas tomadas de utensílios domésticos levados à ilha de Matemo pelas pessoas que se deslocaram internamente.
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Entrevista com Melanie Isabelle Brouillette, vice-diretora da subdelegação do CICV em Pemba. Aqui na ilha de Matemo e nas ilhas ao redor do distrito de Ibo, as pessoas estão passando muita necessidade. Elas não têm comida, não têm acesso a atendimento médico primário e estão extremamente traumatizadas.
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Entrevista: Ana Ayuba, que se deslocou de Quissanga. Um dos meus filhos foi separado da gente, e não sabemos em que estado ele está, se ele está vivo ou não,
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se ele morreu ou se ele está vivo, por isso nossos corações estão tristes.
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Se a gente soubesse que ele morreu, poderíamos superar, mas não podemos fazer isso porque não sabemos de nada.
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Enquadramento de cena, acampamento de Metuge
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Tomadas variadas, Ana prepara comida em seu refúgio no acampamento de Metuge
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Plano aberto, Ana e suas filhas em seu refúgio.
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Entrevista: Ana Ayuba, que se deslocou de Quissanga. Fugimos com nossos filhos pequenos e viemos para cá, onde levamos uma vida difícil. A gente mora nesta cabana.
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Entrevista com Melanie Isabelle Brouillette, vice-diretora da subdelegação do CICV em Pemba.
Com a chegada de tanta gente, mesmo que a comunidade acolhedora esteja se esforçando muito para lidar com isso, recebendo as pessoas em suas vilas, em seus abrigos, não é suficiente.
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Diversas tomadas, pacientes no centro de saúde em Ibo.
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Diversas tomadas, pacientes do lado de fora do centro de saúde em Montepuez.
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Entrevista com José António Albino, diretor do Hospital Namweto, em Montepuez
Precisamos de um novo edifício, porque o edifício antigo não consegue dar conta das necessidades de todas as pessoas deslocadas que acabam de chegar. As necessidades são muitas. Precisamos de mais profissionais capacitados, de mais enfermeiros, e a estrutura atual não é grande o suficiente para todos. Muitos outros pacientes estão vindo da zona de conflito.
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Diversas tomadas, Fátima preparando bolinhos fritos em sua casa.
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Entrevista com Fátima Suleiman, moradora da ilha Quirambo. Estamos numa ilha, e o trabalho na ilha se resume aos barcos e à pesca. Se Deus me abençoar, é isso o que eu gostaria de fazer no futuro. Oh! Eu não tenho ninguém, só eu, meu filho e minha família.
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Diversas tomadas, Noor pescando.
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Plano aberto, Noor caminhando na água.
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Plano aberto, Noor e sua mãe, Fátima.
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Diversas tomadas, mulheres pilando farinha na ilha Quirambo.
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Diversas tomadas, abrigos na ilha Quirambo.
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Diversas tomadas, meninos sentados em um edifício abandonado.
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Diversas tomadas, Noor procurando iscas para pescar.
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Diversas tomadas, Noor em pé de frente para o mar.
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Diversas tomadas, Noor pescando.
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Plano médio, mergulhador não identificado com respiradouro rebocando uma canoa de madeira.
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Plano fechado da bandeira do CICV em um barco em movimento.
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Plano aberto de funcionários do CICV caminhando em direção a um homem em uma praia da ilha de Matemo.
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Plano aberto de uma lancha ancorada.